Bancos de dados não relacionais

Com a crescente necessidade de armazenar e processar grandes volumes de dados de maneira eficiente, os bancos de dados não relacionais, ou NoSQL, surgiram como uma alternativa flexível e escalável aos bancos de dados tradicionais.

Diferente dos bancos relacionais, que utilizam tabelas estruturadas, os bancos NoSQL trabalham com modelos mais dinâmicos, como coleções de documentos, pares chave-valor e grafos. Esse modelo de armazenamento permite um desempenho superior em aplicações que exigem alta disponibilidade e processamento rápido, como redes sociais, sistemas de recomendação e big data.

Neste texto, exploraremos os principais tipos de bancos de dados NoSQL, suas características e sua aplicação prática no dia a dia do desenvolvimento de software.

1 – O que são bancos de dados não relacionais? 

Bancos de dados não relacionais, ou NoSQL, armazenam dados de forma flexível em coleções, sem utilizar tabelas relacionais. Os bancos não relacionais são conhecidos como NoSQL (Not Only SQL – Não Apenas SQL), porque não utilizam linguagem SQL para manipular seus dados.

Como comentado anteriormente, os bancos de dados NoSQL não utilizam tabelas, mas sim coleções (collections) para alocar os dados. Coleções são estruturas de dados que agrupam um número variável de itens de dados com um significado compartilhado. 

Esses bancos possuem regras menos rígidas para tratar os dados e, em geral, apresentam uma performance melhor que os bancos relacionais para trabalhar com volumes massivos de dados que sofrem mudanças contínuas. Assim, eles são opções ideais para aplicações modernas que focam em mobilidade e conectividade. 

O termo banco de dados não relacional foi mencionado pela primeira vez em 1998 por Carlo Strozzi, e desde então, começou a se popularizar. Durante o século XXI, grandes empresas da área de tecnologia, começaram a procurar alternativas para trabalhar com volumes gigantescos de dados de forma eficiente e os bancos não relacionais começaram a ganhar espaço, sendo hoje, uma alternativa sólida ao padrão relacional. 

2 – Classificação dos bancos de dados não relacionais

Os bancos de dados não relacionais são classificados conforme a maneira que armazenam e manipulam os dados, sendo divididos em três tipos, que conheceremos nos tópicos a seguir: 

2.1 – Bancos de dados de chave-valor

Esses bancos armazenam os dados em pares simples de chave-valor. Cada chave atua como um identificador exclusivo que referência diretamente o valor associado. 

Esse modelo é extremamente eficiente para operações de leitura e escrita simples, tornando-o ideal para cenários que exigem desempenho elevado, como caches, sessões de usuário ou sistemas de recomendação. Possuem excelente escalabilidade horizontal e possuem uma implementação simples, embora a falta de estrutura de dados complexa possa limitar casos de uso mais sofisticados. Exemplos incluem o Redis e o DynamoDB.  

2.2 – Bancos de dados de documentos 

Esse tipo de banco de dados organiza suas informações em coleções de documentos, geralmente, armazenadas no formato JSON, BSON ou XML. Cada documento pode conter dados estruturados ou semiestruturados, incluindo arrays e objetos aninhados, oferecendo flexibilidade para representar estruturas complexas.

Para cada documento é atribuído um identificador único, o que facilita a recuperação rápida de dados. Esses bancos são amplamente usados em aplicativos web modernas, onde os dados exibem um formato semelhante ao JSON. Isto traz flexibilidade para esses bancos, pois permite modelar dados em um formato próximo ao que é usado na aplicação, reduzindo a necessidade de transformação. Exemplos incluem o  MongoDB e o Firestore da Google Cloud Platform (GCP).  

2.3 – Bancos de dados de grafos

Os bancos de dados de grafos trabalham com dados altamente interrelacionados. Ao invés de armazenar os dados em tabelas ou documentos, eles utilizam nós (nodes) para representar entidades e arestas (edges) para representar os relacionamentos entre essas entidades. Além disso, tanto os nós quanto as arestas podem conter propriedades adicionais, permitindo uma representação rica e detalhada. 

Este modelo é particularmente poderoso para os casos em que os relacionamentos são tão importantes quanto os dados em si como, por exemplo, em redes sociais, recomendações personalizadas, sistemas antifraude e análise de rotas. Pense, em uma rede social, os nós podem representar usuários, e as arestas podem indicar “amigos”, “seguidores” ou “curtidas”. 

Os bancos de grafos oferecem consultas altamente eficientes sobre relações complexas. Em vez de realizar múltiplos “joins” como em bancos relacionais, os bancos de grafos permitem navegar diretamente pelos relacionamentos, otimizando operações de análise de conexões. Exemplos incluem o Neo4j e o OrientDB.

3 – Bancos de dados não relacionais na prática

Como você pode perceber até aqui, os bancos de dados não relacionais (NoSQL) diferem dos bancos relacionais na forma como armazenam os dados. Eles não armazenam dados em tabelas estruturadas com colunas e linhas. Em vez disso, utilizam modelos flexíveis, como documentos JSON, pares chave-valor, grafos ou colunas amplas, dependendo do tipo de banco não relacional.

Um dos bancos NoSQL mais populares é o MongoDB, que armazena os dados no formato de documentos JSON (ou BSON, sua versão binária otimizada). No MongoDB, os principais comandos para manipulação de dados são:

  • INSERT (insertOne, insertMany): Insere um ou vários documentos na coleção.
  • FIND: Recupera documentos da coleção, similar ao SELECT no SQL.
  • UPDATE (updateOne, updateMany): Atualiza um ou mais documentos existentes.
  • DELETE (deleteOne, deleteMany): Remove um ou mais documentos de uma coleção.

Esses comandos são compatíveis com o modelo CRUD:

  • CREATE: Adicionar dados com insertOne ou insertMany.
  • READ: Buscar dados com find.
  • UPDATE: Modificar documentos com updateOne ou updateMany.
  • DELETE: Remover documentos com deleteOne ou deleteMany.

Agora que entendemos a função de cada um desses comandos, vamos vê-los na prática utilizando o MongoDB.

3.1 – Criando uma coleção de dados

Vamos começar criando uma collection para um cadastro de livros. Se você não tem um banco de dados NoSQL instalado no seu computador, você pode usar um compilador online como o MyCompiler MongoDB para executar os comandos e testar os códigos de exemplo. O comando para criar uma collection é esse aqui:

db.createCollection('livros')

O resultado do comando acima é esse aqui:

Note que ao utilizar o MongoDB instalado em uma máquina, ele criou uma base de dados chamada ‘test’ e inseriu dentro dela nossa collection chamada “livros”, a qual irá armazenar nossos dados.

3.2 – Inserindo e consultando dados na coleção

Agora vamos inserir um livro em nossa collection, usando o comando insertOne:

db.livros.insertOne([{"_id": 1, "titulo": "A Psicologia Financeira", "autor": "Morgan Housel", "ano_publicacao": 2021, "paginas": 304 }])

Após, vamos executar o comando de consulta de dados:

db.livros.find()

Teremos um resultado semelhante a este aqui:

Além de inserir um registro por vez, também podemos inserir vários simultaneamente com o comando insertMany:

db.Livros.insertMany([
{ "_id": 2, "titulo": "Os Segredos da Mente Milionária", "autor": "T. Harv Eker", "ano_publicacao": 2006, "paginas": 176 },
{ "_id": 3, "titulo": "1984", "autor": "George Orwell", "ano_publicacao": 2009, "paginas": 416 },
{ "_id": 4, "titulo": "A Revolução dos Bichos", "autor": "George Orwell", "ano_publicacao": 2007, "paginas": 152 },
{ "_id": 5, "titulo": "A Coragem de Ser Imperfeito", "autor": "Brené Brown", "ano_publicacao": 2016, "paginas": 208 },
{ "_id": 6, "titulo": "Hábitos Atômicos", "autor": "James Clear", "ano_publicacao": 2019, "paginas": 300 }
])

Vamos executar novamente db.livros.find() para ver nossa collection atualizada:

Observe que usando os comandos insertOne e insertMany conseguimos inserir os primeiros registros em nossa base. Agora vamos imaginar que queremos visualizar somente os livros que possuem mais de 300 páginas.

Para fazer essa consulta, vamos usar o comando find com os seguintes parâmetros:

db.Livros.find({ "paginas": { "$gt": 300 } })

O resultado da consulta será esse aqui:

Veja que essa consulta nos trouxe dois resultados conforme nossos registros atuais. Porém, o resultado desse find deveria ter retornado três livros, pois, “Hábitos Atômicos” possui 320 páginas. Ao inserirmos os dados na collection, informamos um valor incorreto de 300 páginas. Vamos corrigi-lo:

3.3 – Atualizando dados na coleção

Para corrigir o número de páginas do livro “Hábitos Atômicos”, vamos usar o comando updateOne:

db.Livros.updateOne(
{ "_id": 6 },
{ "$set": { "paginas": 320 } }
)

Agora, vamos repetir o comando db.Livros.find({ “paginas”: { “$gt”: 300 } }):

Veja que nossa correção foi eficaz e agora os dados retornados estão corretos, apresentando os três livros que possuem mais de 300 páginas.

3.4 – Excluindo dados na coleção

Para finalizar nosso exemplo baseado no modelo CRUD, vamos excluir alguns dos registros da coleção. Primeiro, vamos remover o livro “Os Segredos da Mente Milionária”, usando o comando deleteOne:

db.Livros.deleteOne({ "_id": 2 })

Além da exclusão de um item por vez, também podemos excluir vários itens simultaneamente com o comando deleteMany:

db.livros.deleteMany({
  "_id": { "$in": [5, 6] }
})

Após a execução dos comandos, obteremos o seguinte resultado ao realizar uma nova consulta com db.livros.find():

Veja que agora, após a executação dos comandos deleteOne e deleteMany, sobraram somente três registros e os demais foram excluídos da base, conforme esperado.

Assim, concluímos nosso exemplo prático de bancos de dados não relacionais utilizando MongoDB. Note que apesar de simples, nesse exemplo conseguimos visualizar a execução do modelo CRUD, com os comandos INSERT, FIND, UPDATE e DELETE, inserindo, consultando, atualizando e excluindo registros em nossa coleção de dados.

Essas operações representam a base para trabalhar com bancos de dados não relacionais em nosso dia a dia. Embora os bancos NoSQL sejam amplamente utilizados, é importante lembrar que os bancos SQL ainda são amplamente utilizados no mercado. Para conhecer mais sobre bancos de dados relacionais clique aqui e confira este artigo!

Conclusão

Os bancos de dados não relacionais representam uma evolução significativa na forma como lidamos com dados em um mundo cada vez mais digital e conectado. Ao oferecer flexibilidade, escalabilidade e alto desempenho, eles se tornaram uma escolha essencial para diversas aplicações modernas, desde redes sociais até sistemas de análise de dados em larga escala.

O MongoDB, por exemplo, destaca-se como uma das soluções NoSQL mais populares, facilitando a manipulação de dados por meio de comandos intuitivos baseados no modelo CRUD.

Compreender e dominar bancos de dados NoSQL é um passo fundamental para profissionais que desejam se manter atualizados e preparados para os desafios do desenvolvimento de sistemas modernos e eficientes.

Espero que este artigo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações, fique à vontade para entrar em contato.


Bancos de dados relacionais

Os bancos de dados relacionais são amplamente utilizados para armazenar e gerenciar informações de maneira estruturada. Eles organizam os dados em tabelas interligadas por meio de chaves primárias e estrangeiras, garantindo a integridade e consistência dos registros dessas tabelas.

Utilizando a linguagem SQL, esses bancos permitem realizar operações como inserção, consulta, atualização e exclusão de dados de forma simples e eficaz.

Neste artigo, vamos explorar as principais características dos bancos de dados relacionais, a importância da linguagem SQL e um exemplo prático de manipulação de dados.

1 – O que são bancos de dados relacionais?

Os bancos de dados relacionais armazenam os dados em tabelas estruturadas seguindo regras rígidas de tipagem de dados, definição de tamanho de campos e relacionamentos entre tabelas baseados em chaves primárias e estrangeiras.  

Os bancos relacionais são uma forma tradicional de armazenamento e manipulação de dados. Eles utilizam a linguagem SQL (Structured Query Language – Linguagem de Consulta Estruturada) e por isto são conhecidos como bancos de dados SQL.  

A linguagem SQL surgiu na década de 70, desenvolvida por um grupo de pesquisadores da IBM, os quais tinham o objetivo de criar uma linguagem padrão para consulta de dados. A linguagem ganhou sua primeira especificação em 1986, nomeada como SQL-86. Ao longo dos anos novas especificações foram lançadas e a linguagem é utilizada até os dias atuais por muitos sistemas gerenciadores de bancos de dados (SGBDs) populares como Oracle, MySQL, PostgreSQL e Microsoft SQL Server, por exemplo.

1.1 – Características principais

As principais características que os bancos de dados relacionais possuem são:

  • Tabelas estruturadas: os dados são organizados em colunas e linhas, onde, as colunas são os identificadores (nomes) dos dados e as linhas (registros) são os dados em si.
  • Relacionamentos entre tabelas: as tabelas podem ser conectadas entre si por meio de chaves primárias e chaves estrangeiras.
  • Integridade e consistência: garantia da qualidade dos dados por meio de regras como restrições de unicidade e integridade referencial.
  • Uso de SQL: linguagem padrão para manipulação dos dados, incluindo operações como SELECT, INSERT, UPDATE e DELETE.
  • Uso de ACID: trata-se de um conjunto de propriedades que garantem Atomicidade, Consistência, Isolamento e Durabilidade, essenciais para a confiabilidade das transações.

2 – A linguagem SQL e os bancos de dados relacionais

A manipulação de dados em bancos de dados relacionais ocorre através dos comandos da linguagem SQL. Esses comandos são organizados em 5 grupos principais, conforme suas funções específicas. Vamos conhecê-los:

DDL (Data Definition Language – Linguagem de Definição de Dados): responsável por definir a estrutura do banco de dados, através de ações como criar, alterar ou excluir tabelas, índices e outros objetos:

  • CREATE: cria novos objetos (tabelas, bancos de dados, etc.).
  • ALTER: modifica a estrutura de objetos existentes.
  • DROP: exclui objetos do banco de dados.

DML (Data Manipulation Language – Linguagem de Manipulação de Dados): permite manipular os dados armazenados nas tabelas, através de ações como inserir, atualizar ou excluir registros.

  • INSERT: adiciona novos registros a uma tabela.
  • UPDATE: modifica registros existentes em uma tabela.
  • DELETE: remove registros de uma tabela.

DQL (Data Query Language – Linguagem de Consulta de Dados): permite consultar e recuperar dados das tabelas.

  • SELECT: recupera os dados de uma ou mais tabelas.

DCL (Data Control Language – Linguagem de Controle de Dados): controla o acesso e as permissões dos usuários no banco de dados.

  • GRANT: concede permissões aos usuários.
  • REVOKE: revoga permissões dos usuários.

TCL (Transaction Control Language – Linguagem de Controle de Transações): gerencia as transações, as quais são sequências de operações no banco de dados que podem ser bem sucedidas ou não.

  • COMMIT: salva as alterações feitas em uma transação, tornando-as permanente no banco de dados.
  • ROLLBACK: desfaz as alterações feitas em uma transação, restaurando o banco de dados para um estado anterior.

Compreender esses grupos de comandos é fundamental para trabalhar com SQL e aproveitar ao máximo os recursos dos bancos de dados relacionais. Agora vamos ver um exemplo prático:

3 – Bancos de dados relacionais na prática

Como vimos nos tópicos acima o SQL é a linguagem padrão dos bancos de dados relacionais. Entre os vários comandos oferecidos pela linguagem quatro deles se destacam como os principais para manipular os dados em bases relacionais, os quais são:

  • INSERT: utilizado para inserir dados em uma tabela;
  • SELECT: utilizado para selecionar dados de uma tabela;
  • UPDATE: utilizado para alterar dados de uma tabela;
  • DELETE: utilizado para excluir dados de uma tabela.

Esses quatro comandos compõem o modelo CRUD que representa as operações básicas de bancos de dados:

  • CREATE: criação de dados através do comando INSERT;
  • READ: leitura de dados através do comando SELECT;
  • UPDATE: alteração de dados através do comando UPDATE;
  • DELETE: exclusão de dados através do comando DELETE;

Agora que conseguimos compreender a função de cada um desses comandos SQL vamos visualizá-los na prática.

3.1 – Criando uma tabela

Vamos começar criando uma tabela de cadastro de livros. Se você não tem um banco de dados SQL instalado no seu computador, você pode usar um compilador online como o SQLite Online para executar os comandos e testar os códigos de exemplo:

CREATE TABLE Livros (
    id INT PRIMARY KEY,
    titulo VARCHAR(255),
    autor VARCHAR(255),
    ano_publicacao INT,
    paginas INT
);

3.2 – Inserindo e consultando dados na tabela

Agora vamos inserir um livro em nossa tabela, usando o comando INSERT:

INSERT INTO Livros (id, titulo, autor, ano_publicacao, paginas) 
VALUES 
    (1, 'A Psicologia Financeira', 'Morgan Housel', 2021, 304)

Após, inserir o livro vamos rodar o comando SELECT para visualizar como ficou nossa tabela:

SELECT * FROM Livros;

O comando acima irá selecionar todos os registros da tabela Livros, como temos somente um livro em nossa tabela, o resultado é esse aqui:

Agora vamos inserir vários livros em nossa tabela, usando novamente o comando INSERT:

INSERT INTO Livros (id, titulo, autor, ano_publicacao, paginas) 
VALUES 
   (2, 'Os segredos da mente milionária', 'T. Harv Eker', 2006, 176),
   (3, '1984', 'George Orwell', 2009, 416),
   (4, 'A revolução dos bichos', 'George Orwell', 2007, 152),
   (5, 'A coragem de ser imperfeito', 'Brené Brown', 2016, 208),
   (6, 'Hábitos Atômicos', 'James Clear', 2019, 300)

Vamos executar o comando SELECT novamente para visualizar a tabela:

SELECT * FROM Livros

Nossa tabela estará assim:

Veja que usando o comando INSERT já conseguimos inserir os primeiros registros da nossa tabela e com o comando SELECT conseguimos visualizá-los. Porém, vamos imaginar que agora desejamos visualizar somente os livros que possuem mais de 300 páginas.

Para fazer essa seleção podemos combinando os comandos SELECT e WHERE para personalizar nossa seleção de dados:

SELECT * FROM Livros WHERE paginas > 300;

Nosso resultado é esse aqui:

Veja que essa seleção nos trouxe somente dois resultados conforme nossos registros atuais. Porém, esse SELECT deveria ter retornado três livros, pois, “Hábitos Atômicos” possui 320 páginas. Ao fazermos o INSERT, informamos um valor incorreto de 300 páginas.

3.3 – Atualizando dados na tabela

Agora, precisamos corrigir essa informação e para isso vamos utilizar um comando chamado UPDATE, o qual combinaremos com outros dois comandos: SET e WHERE.

UPDATE Livros SET paginas = 320 WHERE id = 6 

Agora que executamos a correção, vamos executar novamente o comando SELECT:

SELECT * FROM Livros WHERE paginas > 300;

O resultado agora é este:

Observe que nossa correção foi eficaz e agora os dados estão corretos em nossa tabela.

3.4 – Excluindo dados na tabela

Para finalizar nosso exemplo, vamos excluir um dos registros da tabela. Vamos excluir o livro “Os Segredos da Mente Milionária”, usando o comando DELETE:

DELETE FROM Livros WHERE id = 2;

Vamos executar agora o comando SELECT para verificar se nossa exclusão foi bem sucedida:

SELECT * FROM Livros

Observe a tabela agora:

Veja que agora, após executar o comando DELETE, o livro “Os Segredos da Mente Milionária” não consta mais nos registro de nossa tabela.

Dessa forma, concluímos nosso exemplo prático de bancos de dados relacionais. Apesar de ser um exemplo simples, conseguimos visualizar a utilização do modelo CRUD, com os comandos INSERT, SELECT, UPDATE e DELETE, para inserir, consultar, atualizar e excluir registros em uma tabela de dados.

Essas operações representam a base para trabalhar com bancos de dados relacionais no dia a dia, permitindo a organização e a manipulação estruturada das informações. Embora os bancos SQL sejam amplamente utilizados, é importante lembrar que os bancos NoSQL vêm ganhando espaço em diversas aplicações. Para conhcecer mais sobre bancos de dados não relacionais confira este artigo aqui.

Conclusão

Os bancos de dados relacionais desempenham um papel essencial na organização e gestão de informações em diversos tipos de sistemas. Por meio da linguagem SQL, é possível realizar operações fundamentais para armazenar e recuperar dados de maneira eficiente.

No exemplo prático apresentado, vimos como aplicar o modelo CRUD (Create, Read, Update, Delete) para inserir, consultar, atualizar e excluir registros em uma tabela através dos comandos SQL.

Dominar esses conceitos é essencial para trabalhar com bancos de dados relacionais e garantir um gerenciamento eficaz e confiável de nossos dados.

Espero que este artigo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações, fique à vontade para entrar em contato.

Arquitetura cliente-servidor

A arquitetura cliente-servidor é um dos modelos mais utilizados no desenvolvimento de sistemas computacionais, sendo a base para diversas aplicações que usamos diariamente, desde redes corporativas até serviços na web.

Esse modelo de comunicação permite a distribuição de tarefas entre clientes e servidores, proporcionando maior eficiência, escalabilidade e segurança. Neste artigo, vamos explorar o conceito da arquitetura cliente-servidor, seu funcionamento, modelos de implementação, vantagens, desafios e sua relevância no cenário atual da tecnologia. Vamos lá?

O que é arquitetura cliente-servidor?

A arquitetura cliente-servidor (do inglês, client-server model) é um modelo de comunicação entre computadores amplamente utilizada em redes de computadores, sistemas distribuídos e aplicações web. Nesta arquitetura, um dispositivo, denominado cliente, solicita serviços ou recursos para outro dispositivo, denominado servidor.

A arquitetura cliente-servidor foi desenvolvida em meados dos anos 70 pela empresa norte-americana Xerox PARC. Nos anos seguintes, ela se popularizou impulsionada pelo surgimento dos computadores pessoais, da internet e das redes locais (LANs).

Antes do modelo cliente-servidor, as arquiteturas centralizadas eram dominantes na construção de sistemas computacionais. Na arquitetura centralizada um único computador central atendia a requisição de múltiplos terminais simples. 

O modelo cliente-servidor surgiu com o propósito de distribuir as cargas de processamento entre os dispositivos clientes, que renderizam a interface gráfica do usuário e processam as operações de front-end, e servidores, que processam a lógica de negócios e executam operações de dados.

O modelo cliente-servidor proporciona maior flexibilidade, escalabilidade e facilidade de manutenção, sendo, hoje em dia, a arquitetura base de muitos sistemas computacionais que utilizamos.

Como funciona a arquitetura cliente-servidor?

Para melhor compreendermos a arquitetura cliente-servidor, vamos ver abaixo uma representação simplificada deste modelo:

Representação gráfica da arquitetura cliente-servidor;
Fonte: o autor

Como podemos observar na imagem acima, vários dispositivos podem ser clientes de um servidor. Notebooks, computadores, tablets, smartphones, smart TVs e qualquer outro dispositivo que possuir conexão com a internet, consumirá dados alocados em um servidor remoto.

Vejamos uma breve explicação de cada conceito desta arquitetura:

  1. Clientes: são os dispositivos que realizam solicitações ao servidor. Essas solicitações são feitas através de softwares instalados nesse dispositivo como, por exemplo, um navegador web, um aplicativo de celular ou um sistema desktop.
  2. Servidores: são os dispositivos que processam as solicitações do cliente e retornam-lhe determinados dados. Esse processamento é feito através de softwares instalados no servidor como, por exemplo, um web service, uma página/site estático ou um banco de dados.
  3. Comunicação: o cliente envia uma requisição ao servidor e este devolve uma resposta para o cliente. Essa comunicação ocorre por meio de protocolos de rede como, por exemplo, HTTPS e TCP/IP.

Modelos de implementação

Existem diferentes modelos de implementação da arquitetura cliente-servidor. Os mais populares são o modelo de duas camadas e o modelo de três camadas. Vamos conhecê-los:

Arquitetura de duas camadas

A arquitetura de duas camadas é bastante simples. Nela, o cliente é responsável tanto pela interface do usuário quanto pela lógica de negócios, enquanto o servidor gerencia o armazenamento e a manipulação dos dados.

Esse modelo é altamente eficiente em sistemas menores que não transacionam grandes volumes de dados. Sistemas maiores e mais complexos tendem a sofrer com sobrecargas de processamento no dispositivo cliente, pois este acumula múltiplas funções e operações.

Esse modelo de implementação era muito comum em aplicações corporativas antigas que acessavam um banco de dados diretamente (como um sistema de vendas rodando no Access conectado a um servidor SQL). Atualmente, encontramos esse modelo em sistemas legados e em algumas aplicações muito específicas.

Arquitetura de três camadas

A arquitetura de três camadas surge como uma evolução do modelo de duas camadas, separando a lógica de negócios em um terceiro componente: o servidor de aplicação. Dessa forma, o sistema é estruturado da seguinte forma:

  • Cliente (camada de apresentação): responsável pela interface gráfica do usuário.
  • Servidor de Aplicação (camada de negócio): processa a lógica de negócios, executando as regras e funcionalidades do sistema.
  • Servidor de Dados (camada de dados): armazena e gerencia as informações utilizadas pela aplicação.

Esse modelo é amplamente utilizado na construção de sistemas web modernos. Para exemplificar, pense em um marketplace online: nele o cliente é um navegador ou aplicativo que permite ao usuário visualizar e comprar produtos. Por sua vez, o servidor de aplicação é responsável por processar os pedidos e pagamentos, enquanto o servidor de dados gerencia o banco de informações sobre produtos, clientes e transações.

A separação de responsabilidades melhora a escalabilidade e o desempenho do sistema, permitindo que diferentes servidores sejam otimizados para funções específicas. Isso torna a arquitetura de três camadas uma escolha eficiente para aplicações que exigem alto desempenho e flexibilidade.

Atualmente, encontramos esse modelo em aplicações modernas com backend RESTful ou GraphQL que se comunicam com um banco de dados via um servidor intermediário.

Vantagens e desafios da arquitetura cliente-servidor

A adoção da arquitetura cliente-servidor trouxe inúmeros benefícios para o desenvolvimento de sistemas computacionais quando comparado com modelos tradicionais, como a arquitetura centralizada e a arquitetura peer-to-peer. No entanto, esta arquitetura também têm alguns desafios em sua implementação.

Vantagens

Escalabilidade: a separação entre cliente e servidor permite a adição de novos dispositivos clientes sem comprometer significativamente o desempenho do sistema. Além disso, servidores podem ser dimensionados verticalmente (com mais recursos) ou horizontalmente (adicionando mais servidores) conforme a demanda cresce.

Facilidade de manutenção: como o servidor é responsável pela lógica de negócios e pelo gerenciamento de dados, a equipe pode aplicar atualizações e correções sem precisar modificar cada cliente individualmente. Isso reduz o esforço de manutenção e a chance de inconsistências no sistema.

Segurança aprimorada: políticas de autenticação e mecanismos de criptografia aplicados nos servidores são recursos fundamentais para garantir a proteção das informações, pois eles evitam que clientes não autorizados acessem dados indevidamente ou realizem operações não permitidas.

Gerenciamento eficiente de dados: como os dados são armazenados no lado do servidor, é mais fácil garantir sua integridade e evitar redundâncias. Isso também facilita a realização de backups, auditorias e otimizações no banco de dados.

Melhor distribuição de carga: a divisão entre cliente e servidor permite distribuir o processamento de forma equilibrada. Enquanto os clientes lidam com a interface do usuário e algumas operações locais, os servidores assumem tarefas mais pesadas, como processamento massivo de dados e execução de regras de negócio.

Desafios

Dependência do servidor: ao centralizar o processamento e armazenamento de dados no lado do servidor, eventuais falhas podem comprometer toda a operação do sistema, tornando essencial a implementação de estratégias de redundância e alta disponibilidade.

Latência e dependência da rede: a velocidade e estabilidade da conexão entre cliente e servidor podem impactar diretamente o desempenho do sistema. Em redes instáveis ou de baixa largura de banda, os tempos de resposta podem ser mais longos, prejudicando a experiência do usuário.

Custo de infraestrutura: implementar e manter servidores requer investimentos em hardware, software, segurança e administração. Em sistemas de grande escala, os custos podem crescer rapidamente, exigindo planejamento adequado para otimização de recursos.

Complexidade no desenvolvimento: diferente de sistemas monolíticos ou standalone, a arquitetura cliente-servidor exige maior planejamento e organização. Questões como autenticação, comunicação entre componentes e gerenciamento de conexões precisam ser cuidadosamente projetadas.

Apesar dos desafios, a arquitetura cliente-servidor continua sendo um dos modelos mais utilizados no desenvolvimento de aplicações modernas. Sua flexibilidade e eficiência permitem que empresas e desenvolvedores criem sistemas robustos, escaláveis e seguros para atender às necessidades dos usuários.

Conclusão

A arquitetura cliente-servidor revolucionou a forma como interagimos com sistemas computacionais, permitindo a criação de aplicações mais escaláveis, seguras e eficientes. Apesar dos desafios, como a necessidade de uma infraestrutura robusta e a dependência de servidores, esse modelo continua sendo amplamente adotado em aplicações web, bancos de dados e serviços online.

Com a evolução da tecnologia, novas abordagens, como microsserviços e computação em nuvem, continuam aprimorando esse modelo, tornando-o ainda mais flexível e preparado para atender às demandas do futuro.

Espero que este conteúdo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações fique à vontade para entrar em contato.