O que é DevOps?

Em um cenário cada vez mais dinâmico e competitivo, empresas de tecnologia precisam entregar software com mais rapidez, qualidade e segurança. Nesse contexto, a cultura DevOps surge como uma resposta eficiente, promovendo integração entre equipes, automação de processos e melhoria contínua.

Mais do que uma prática técnica, o DevOps representa uma mudança de mentalidade, onde desenvolvimento e operações deixam de atuar de forma isolada para colaborar ativamente em todas as etapas do ciclo de vida de uma aplicação.

Neste artigo, vamos conhecer o que é DevOps, suas principais características e como colocá-lo em prática. Vamos começar?

1 – O que é DevOps?

DevOps é um conjunto de práticas que busca integrar as equipes de desenvolvimento de software (Dev) e operações de TI (Ops), com o objetivo de que trabalhem juntas de forma mais eficiente e colaborativa durante todo o ciclo de vida de um software, desde a concepção até a operação e manutenção. Em vez de equipes separadas, o DevOps promove uma mentalidade de responsabilidade compartilhada e comunicação contínua.

Mais do que ferramentas e processos, o DevOps é uma mudança cultural dentro das empresas de tecnologia — onde as barreiras entre desenvolvimento e operações são quebradas, promovendo integração, automação e melhoria contínua.

A cultura DevOps é uma abordagem que melhora a colaboração entre equipes, acelera o ciclo de entrega de software, aumenta a qualidade dos sistemas e garante maior confiabilidade nas aplicações.

1.1 – Principais características da cultura DevOps

Colaboração e comunicação entre equipes: este é o cerne do DevOps. As equipes de desenvolvimento e operações trabalham juntas desde o planejamento até a entrega e manutenção do software. Isso significa trabalho colaborativo, comunicação aberta, feedback constante, um senso de pertencimento a um objetivo comum e o compartilhamento de informações, objetivos e responsabilidades.

Automação de processos: a cultura DevOps proporciona a automação de tarefas repetitivas e manuais como testes, integração, deploy e monitoramento. A automação acelera os processos, reduz erros e libera as equipes para se concentrarem em tarefas mais estratégicas.

– Integração Contínua (CI) e Entrega Contínua (CD): o objetivo é entregar software de forma rápida, frequente e confiável. Isso é alcançado através de uma pipeline de integração e entrega contínua (CI/CD) responsável por automatizar as etapas de construção, testes e implantação do software.

– Infraestrutura como Código (IaC): a infraestrutura de TI (servidores, redes, armazenamento, etc.) é gerenciada e provisionada usando código, da mesma forma que o software. Isso permite versionamento, automação e repetibilidade na criação e gerenciamento da infraestrutura.

– Monitoramento e feedback contínuo: o monitoramento constante do desempenho de software e infraestrutura é essencial para identificar problemas rapidamente e garantir a estabilidade do sistema. O feedback obtido do monitoramento e das experiências dos usuários serve como fomento para melhorar continuamente o software e os processos.

Responsabilidade compartilhada: todos são responsáveis pelo sucesso do software — da qualidade do código à estabilidade em produção.

Cultura de aprendizado e experimentação: o DevOps incentiva uma cultura onde as equipes se sentem seguras para experimentar, aprender com os erros e implementar melhorias contínuas. A análise de falhas é vista como uma oportunidade de aprendizado, e não de culpabilização de integrantes da equipe.

2 – Como aplicar a cultura DevOps na prática

A aplicação da cultura DevOps traz diversos benefícios para empresa e departamentos de tecnologia da informação, dentre os quais podemos citar: entregas mais rápidas e frequentes; menor taxa de falhas em produção; maior estabilidade e performance dos sistemas; melhor alinhamento entre negócio e tecnologia; ambiente de trabalho mais colaborativo.

A complexidade de implementação da cultura DevOps está diretamente relacionada com fatores como tamanho da empresa ou departamento, nível de maturidade dos processos, experiências prévias da equipe, abertura para mudanças, entre outros.

2.1 – Etapas da implementação

O processo de implementação é composto pelas etapas a seguir:

1 – Comece pela Cultura

– A tecnologia é um facilitador, mas a mudança cultural é fundamental. Invista em treinamento e conscientização para que as equipes entendam os princípios do DevOps e se sintam engajadas na mudança.

2 – Promova a colaboração

– Integre as equipes de Dev e Ops em squads distintas.

– Use ferramentas de comunicação eficientes (como Slack, Teams, Jira, etc.).

– Realize cerimônias conjuntas (como daily meetings, retrospectives e plannings).

3- Implemente CI/CD

– Use ferramentas de CI/CD como Jenkins, GitHub Actions, GitLab CI, CircleCI, Azure DevOps, etc.

– Identifique as tarefas manuais e repetitivas que podem ser automatizadas. Comece com a automação de processos básicos de build, testes e deploy e, progressivamente, avance para os mais complexos.

4 – Automatize infraestrutura (IaC)

– Utilize ferramentas como Terraform, Ansible, ou AWS CloudFormation para criar e gerenciar infraestruturas de forma automatizada e versionada.

5 – Monitore tudo

– Utilize ferramentas como Prometheus, Grafana, New Relic ou Datadog para monitorar em tempo real o desempenho de serviços e aplicações. Também configure alertas para detectar problemas rapidamente.

6 – Adote práticas de observabilidade

– Centralize logs (ex: ELK Stack), use dashboards e métricas para entender o comportamento da aplicação.

7 – Fomente a cultura de aprendizado:

– Realize post-mortems sem culpabilizar ninguém.

– Compartilhe boas práticas e incentive sua aplicação pela equipe.

– Crie um ciclo de feedback. Estabeleça canais para coletar feedback dos usuários e das equipes de operações. Use esse feedback para melhorar continuamente o software e os processos.

8 – Mensure o Progresso

– Defina métricas para acompanhar o sucesso da sua implementação de DevOps. Isso pode incluir a frequência de implantações, o tempo de resposta a incidentes, a taxa de erros e a satisfação do cliente.

Conclusão

A adoção da cultura DevOps vai além da simples aplicação de ferramentas — ela requer transformação organizacional, comprometimento das equipes e uma postura contínua de aprendizado e adaptação.

Ao unir pessoas, processos e tecnologia em torno de um objetivo comum, o DevOps impulsiona a inovação, aumenta a qualidade das entregas e promove ambientes de trabalho mais integrados e eficientes.

Empresas que investem na implementação da cultura DevOps estão mais preparadas para responder rapidamente às mudanças do mercado e entregar valor real aos seus clientes.

Espero que este conteúdo seja útil de alguma forma para você. Se gostou do conteúdo, compartilhe com seus amigos e aproveite para acessar os outros artigos deste site.

O que é TypeScript?

O JavaScript é uma linguagem essencial para o desenvolvimento web moderno, porém, quando o projeto cresce, surgem desafios relacionados à escalabilidade e manutenibilidade do código. Foi nesse contexto que o TypeScript surgiu como uma poderosa ferramenta complementar.

Neste artigo, você vai entender o que é TypeScript, porque ele foi criado, quais são seus principais recursos e verá um exemplo prático de como utilizá-lo na construção de um contador de cliques. Se você já conhece JavaScript, prepare-se para dar um passo adiante na robustez do seu código!

1 – O que é TypeScript?

TypeScript é um superset do JavaScript. Um “superset” (ou superconjunto) é uma linguagem de programação que estende as funcionalidades de uma linguagem base, adicionando novas características sem alterar a funcionalidade original da linguagem base.

Na prática, isso significa que todo código JavaScript válido também é código TypeScript válido. Sendo um superset, o TypeScript adiciona algumas funcionalidades extras ao JavaScript que veremos a seguir:

  • Tipagem Estática Opcional: Permite definir explicitamente os tipos de dados (como string, number, boolean, etc.) para variáveis, parâmetros de funções, retornos de funções e objetos. Essa tipagem é opcional, o que significa que você pode escolher quando e onde usá-la.
  • Interfaces: Permitem definir contratos para a estrutura de objetos, especificando quais propriedades e métodos um objeto deve ter.
  • Classes: Embora o JavaScript tenha classes desde o ECMAScript 2015, o TypeScript oferece um suporte mais robusto e familiar para quem vem de linguagens orientadas a objetos.
  • Enums (Enumerações): Permitem definir um conjunto de constantes nomeadas, tornando o código mais legível e manutenível.
  • Namespaces: Fornecem uma maneira de organizar o código e evitar conflitos de nomes em aplicações grandes.
  • Generics: Permitem escrever código reutilizável que pode trabalhar com diferentes tipos sem perder a segurança de tipo.
  • Ferramentas de Desenvolvimento: O TypeScript vem com um compilador (tsc) que verifica o código em busca de erros de tipo e o transpila para JavaScript. Ele também oferece um Language Service que melhora a experiência de desenvolvimento em editores de código com recursos como autocompletar, navegação de código e refatoração.

Em resumo, o TypeScript visa tornar o desenvolvimento JavaScript mais robusto, escalável e fácil de manter, especialmente para projetos grandes e complexos, através da adição de recursos como a tipagem estática e outros mais avançados.

2 – Como o TypeScript surgiu?

O TypeScript foi criado e é mantido pela Microsoft. Seu surgimento está diretamente ligado aos desafios enfrentados no desenvolvimento de aplicações JavaScript de grande escala.

No início dos anos 2010, o JavaScript estava se tornando cada vez mais popular para o desenvolvimento de aplicações web complexas. No entanto, sua natureza dinâmica e sem tipagem de dados, apresentava alguns problemas significativos:

  • Dificuldade em detectar erros precocemente: Erros de tipo só eram descobertos em tempo de execução, o que poderia levar a bugs inesperados em produção.
  • Manutenção complexa: Em projetos grandes, a falta de tipagem tornava difícil entender a estrutura do código e realizar refatorações com segurança.
  • Escalabilidade limitada: A ausência de ferramentas robustas para organização e modularização dificultava o desenvolvimento de aplicações muito grandes.
  • Experiência de desenvolvimento menos produtiva: A falta de informações de tipo dificultava o uso de recursos avançados de IDEs, como autocompletar e verificação de erros em tempo real.

Diante desses desafios, a Microsoft identificou a necessidade de criar uma linguagem que pudesse aproveitar a flexibilidade e o vasto ecossistema do JavaScript, ao mesmo tempo em que adicionava recursos para melhorar a produtividade e a qualidade do código em projetos maiores.

Anders Hejlsberg, um renomado engenheiro de software da Microsoft, liderou o desenvolvimento do TypeScript. O objetivo não era criar uma linguagem do zero, mas sim adicionar tipagem estática ao JavaScript, para uso imediato, especialmente, pelos times de desenvolvimento do TFS e Office.

A primeira versão pública do TypeScript foi lançada em outubro de 2012. Desde então, a linguagem vem ganhado uma enorme popularidade na comunidade de desenvolvimento web, sendo adotada em projetos de todos os tamanhos, desde pequenas bibliotecas até grandes aplicações empresariais. Sua compatibilidade com o JavaScript, a adoção de tipagem estática e outros recursos avançados foram fatores-chave para o seu sucesso.

3 – Exemplo prático com TypeScript

Assim como fiz no artigo sobre O que é JavaScript?, vamos ver um exemplo prático com TypeScript para reforçar nosso entendimento sobre o assunto.

O TypeScript é utilizado em conjunto com o HTML e o CSS para construção de páginas e aplicações web. Cada linguagem possui uma função específica:

– HTML: linguagem de marcação responsável pela estrutura das páginas e aplicações, definindo cabeçalhos, títulos, parágrafos e outros elementos.

– CSS: linguagem de folha de estilos responsável pela personalização do layout da página, definindo cores, fontes, posição dos elementos, entre outros atributos.

– TypeScript: linguagem de programação responsável pela interação da página, definindo ações ao clicar em botões, digitar textos em campos de input, entre outros.

Para nosso exemplo, iremos criar um contador de cliques igual do artigo O que é JavaScript? Vamos utilizar HTML, CSS e TypeScript no lugar de JavaScript neste exemplo.

Sugestão do autor: para um melhor entendimento das diferenças entre o JavaScript e o TypeScript, recomendo que você analise atenciosamente os códigos dos dois artigos. Lembre-se que se trata do mesmo exemplo, um contador de cliques, mudando apenas a linguagem utilizada em sua construção.

3.1 – Criando os arquivos e configurando o ambiente

Para nosso contador de cliques, vamos criar três arquivos: index.html, styles.css e counter.ts. Observe a estrutura abaixo:

Além de criar os arquivos acima, certifique-se de que você tem o TypeScript instalado em seu sistema operacional. Caso você ainda não tiver o TypeScript instalado, acesse esse link e siga as orientações.

Lembre-se que todo código TypeScript precisa ser transpilado para JavaScript. Por isso, antes de instalar o TypeScript, certifique-se que você possui em sua máquina, o Node JS e um gerenciador de dependências como o npm ou yarn. Se precisar de ajuda para instalar o Node e o gerenciador de dependências, consulte esse link aqui.

3.2 – Criando os códigos

Após criar os arquivos acima e instalar o Node, um gerenciador de dependências e o TypeScript, vamos criar os códigos, começando pelo arquivo index.html:

<!DOCTYPE html>

<html lang="pt-BR">

    <head>
        <meta charset="UTF-8">
        <meta name="viewport" content="width=device-width, initial-scale=1.0">
        <link rel="stylesheet" type="text/css" href="./css/styles.css">
        <script defer type="text/javascript" src="./scripts/counter.js"></script>
        <title>Contador com TypeScript</title>
    </head>

    <body>
        <div class="container">
            <div class="titulo">
                <h1>Contador: <span id="counter">0</span></h1>
            </div>
            <div class="botoes">
                <button id="increment">+</button>
                <button id="decrement">-</button>
            </div>
        </div>
    </body>
</html>

Em nosso código HTML, definimos no <body> um contador e dois botões: um para somar cliques e outro para subtrair os cliques. Além disso, no <head> passamos alguns metadados da página, definindo um título e referenciando dois arquivos: styles.css, onde estão os estilos da página e counter.ts, onde está a lógica de funcionamento do contador.

Agora, vamos criar o código de styles.css:

.container {
    display: flex;
    justify-content: center;
    height: 95vh;
    flex-direction: column;

}

.titulo, .botoes {
    width: 99vw;
    text-align: center;
    color: #222;
}

h1 {
    font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;
    font-size: 2.4rem;
}

#counter {
    display: inline-block;
    min-width: 60px;
    font-size: 2.2rem;
    text-align: left;
}

button {
    width: 50px;
    height: 50px;
    font-size: 1.8rem;
    font-weight: bold;
    border: none;
    border-radius: 50%;
    cursor: pointer;
    transition: 0.3s ease-in-out;
    background-color: #0068de;
    color: white;
    margin-right: 40px;
    box-shadow: 0 4px 4px rgba(0, 0, 0, 0.2);
}

button:hover {
    background-color: #0277fd;
    transform: scale(1.1);
}

button:active {
    transform: scale(0.9);
}

Repare que no código CSS acima, definimos a posição, tamanho e estilos de cada elemento da página. A aplicação do CSS leva ao resultado abaixo, com o contador centralizado na tela e os botões estilizados com visual simples e agradável:

Agora vamos criar o código de counter.ts, para configurar as ações do contador de cliques:

// Seleciona os elementos do HTML com verificação de null
const counter = document.getElementById("counter") as HTMLElement | null;
const incrementBtn = document.getElementById("increment") as HTMLButtonElement | null;
const decrementBtn = document.getElementById("decrement") as HTMLButtonElement | null;

// Variável que armazena o valor do contador
let count: number = 0;

// Função para atualizar o contador na tela
function updateCounter(): void {
  if (counter) {
    counter.textContent = count.toString();
  }
}

// Função que soma cliques ao contador 
incrementBtn?.addEventListener("click", () => {
  count++;
  updateCounter();
});

// Função que subtrai cliques no contador 
decrementBtn?.addEventListener("click", () => {
  count--;
  updateCounter();
});

O código TypeScript possui a lógica de acréscimo e subtração de valores no contador. Vamos analisar o código:

– Seleciona os elementos do documento HTML usando document.getElementById(), especificando o tipo de elemento HTML onde será o valor será capturado.

– Define uma variável count, do tipo number, para armazenar o valor do contador.

– Cria uma função updateCounter() para atualizar o valor do contador na tela.

– Adiciona duas funções de callback addEventListener() aos botões para detectar cliques e atualizar o contador.

3.3 – Executando o projeto

Agora vamos executar nosso projeto. Antes de fazer isso, precisamos observar um detalhe muito importante do TypeScript. Talvez você tenha observado em nosso documento HTML que estamos fazendo referência para um arquivo JavaScript, chamado counter.js em nosso head e não para o arquivo counter.ts

<script defer type="text/javascript" src="./scripts/counter.js"></script>

Isso acontece porque os navegadores web não executam código TypeScript. Antes de executar nosso projeto precisamos transpilar nosso código para JavaScript, gerando o arquivo counter.js. Para transpilar o código, vamos acessar a pasta scripts via terminal utilizando:

cd scripts

Em seguida, vamos executar o seguinte comando:

tsc counter.ts

Pronto, ao executar o comando acima, será gerado um arquivo chamado counter.js, que pode ser executado em qualquer navegador web.

Agora vamos abrir o arquivo index.html e obteremos o seguinte resultado:

Veja que, a linguagem TypeScript utilizada com HTML e CSS, permite criar aplicações e páginas web funcionais de forma simples e eficiente. O TypeScript representa uma nova ferramenta de desenvolvimento web que possui grande potencial de agregar novas funcionalidades e recursos aprimorados. Não deixe de estudar e explorar essa nova linguagem.

Conclusão

O TypeScript surge como uma evolução natural para quem já domina o JavaScript e busca mais segurança, organização e produtividade no desenvolvimento de aplicações web. Seu sistema de tipagem estática, junto com recursos como interfaces, enums e generics, proporciona uma experiência muito mais robusta, especialmente em projetos de grande porte.

O exemplo do contador de cliques mostrou como é simples integrar TypeScript com HTML e CSS para criar interfaces interativas e modernas. Ao dominar essa linguagem, você se prepara para encarar desafios mais complexos com mais confiança e controle sobre o seu código.

Espero que este artigo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações, fique à vontade para entrar em contato.

Entendendo o que é criptografia

Em um mundo cada vez mais conectado, proteger nossas informações se tornou uma prioridade. Seja ao enviar uma mensagem no WhatsApp, fazer uma compra online ou acessar uma conta bancária via aplicativo, precisamos garantir a confidencialidade de nossos dados, resguardando-os de acessos não autorizados. Para isso, há um mecanismo invisível que garante que esses dados não caiam em mãos erradas: a criptografia.

Mas afinal, o que é criptografia? E o que significam os termos criptografia simétrica e criptografia assimétrica? Neste artigo, vamos explicar esses conceitos de forma clara, com exemplos práticos para facilitar a sua compreensão. Vamos começar?

1 – O que é Criptografia?

Criptografia é a ciência de transformar informações legíveis (conhecidas como texto plano) em um formato ilegível (conhecido como texto cifrado) por meio de algoritmos matemáticos. O objetivo é garantir a confidencialidade da informação — ou seja, garantir que somente pessoas autorizadas possam entendê-la.

Quando alguém precisa acessar a informação original, ela precisa aplicar um processo inverso chamado descriptografia.

Para entender melhor o conceito de criptografia, vamos imaginar um exemplo simples: imagine que você quer enviar a mensagem “EU TE AMO”, mas quer esconder o conteúdo. Você poderia substituir cada letra por outra. Por exemplo, avançando 3 letras no alfabeto (técnica chamada de cifra de César):

  • E → H
  • U → X
  • T → W
  • E → H
  • A → D
  • M → P
  • O → R

A mensagem cifrada seria: HX WH DPR

Claro que hoje em dia utilizamos métodos muito mais avançados de encriptação de dados, mas a ideia é a mesma: transformar o significado dos dados para protegê-los.

2 – Criptografia simétrica

Na criptografia simétrica, também conhecida como criptografia de chave secreta, utiliza-se a mesma chave tanto para cifrar quanto para decifrar a mensagem. Isso significa que ambas as partes (quem envia e quem recebe) precisam compartilhar uma chave secreta comum.

2.1 – Como funciona a criptografia simétrica

  1. Geração da Chave: O remetente gera uma chave secreta e precisa compartilhá-la de forma segura com o destinatário da mensagem. Este compartilhamento seguro da chave é um ponto crítico na criptografia simétrica.
  2. Criptografia: O remetente utiliza a chave secreta para aplicar um algoritmo de criptografia aos dados originais (texto plano), transformando-os em um texto cifrado ininteligível.
  3. Transmissão: O texto cifrado é transmitido através de um canal de comunicação (que pode ser inseguro).
  4. Descriptografia: O destinatário, possuindo a mesma chave secreta, utiliza o algoritmo de descriptografia correspondente para reverter o texto cifrado ao seu formato original (texto plano).
Representação gráfica do processo de criptografia simétrica.
Fonte: o autor

A rapidez é uma das principais vantagens dos algoritmos simétricos, tornando-os adequados para criptografar grandes volumes de dados. Outra vantagem é a simplicidade, pois ao utilizar uma única chave torna-se mais simples de entender e implementar a criptografia.

Entretanto, há também algumas desvantagens na criptografia simétrica. A principal é o gerenciamento das chaves, pois, é necessário compartilhar a chave secreta de forma segura entre todos os envolvidos. Se a chave cair em mãos erradas, toda a comunicação criptografada fica comprometida. Outro ponto é que, em sistemas com muitos usuários, a escalabilidade torna-se um desafio, pois gerenciar de forma segura um grande número de chaves secretas, torna-se em uma tarefa complexa e difícil.

2.2 – Algoritmos simétricos comuns

Para criar chaves simétricas precisamos utilizar um tipo específico de algoritmo. Os mais populares são:

  • AES (Advanced Encryption Standard): Um dos algoritmos simétricos mais utilizados atualmente, considerado altamente seguro.
  • DES (Data Encryption Standard): Um algoritmo mais antigo, considerado vulnerável a ataques de força bruta devido ao seu tamanho de chave menor.
  • 3DES (Triple DES): Uma evolução do DES que aplica o algoritmo três vezes para aumentar a segurança.

3 – Criptografia assimétrica

A criptografia assimétrica, também conhecida como criptografia de chave pública, surgiu para resolver o problema da troca segura de chaves. Para isso, ela utiliza um par de chaves: uma chave pública e uma chave privada.

  • A chave pública pode ser compartilhada com qualquer pessoa.
  • A chave privada deve ser mantida em segredo pelo dono.

Na criptografia assimétrica, o que uma chave faz, pode ser desfeito somente por sua chave par. Se você criptografar uma mensagem com a chave pública de alguém, somente a chave privada correspondente pode decifrá-la.

3.1 – Como funciona a criptografia assimétrica

  1. Geração do Par de Chaves: Cada entidade (usuário, servidor, etc.) gera seu próprio par de chaves pública e privada. Essas chaves são matematicamente relacionadas, mas é computacionalmente inviável derivar a chave privada a partir da chave pública.  
  2. Criptografia (com a chave pública do destinatário): Se Alice deseja enviar uma mensagem secreta para Bob, ela utiliza a chave pública de Bob para criptografar a mensagem.
  3. Transmissão: A mensagem criptografada é enviada para Bob.
  4. Descriptografia (com a chave privada do destinatário): O destinatário recebe a mensagem e descriptografa ela com sua chave privada. É válido ressaltar que, somente a chave privada de Bob pode descriptografar a mensagem cifrada, nenhuma outra pode fazer isso.
Representação gráfica do processo de criptografia assimétrica.
Fonte: o autor

A criptografia assimétrica possui como vantagem um gerenciamento de chaves simplificado, onde não há necessidade de compartilhar uma chave secreta entre as partes. Cada um possui seu próprio par de chaves, tornando esse modelo muito mais simples em relação ao modelo simétrico. A segurança aprimorada também é uma vantagem, pois, como a chave privada nunca precisa ser transmitida, o risco de interceptação é minimizado. Além disso, chaves assimétricas também podem ser utilizadas para assinaturas digitais, permitindo verificar a autenticidade e integridade dos dados.

Como desvantagens podemos citar a complexidade computacional. Os algoritmos assimétricos geralmente são mais lentos e exigem mais poder computacional em comparação aos algoritmos simétricos. O tamanho das chaves também é um fator de atenção. Para alcançar um nível de segurança comparável aos algoritmos simétricos, as chaves assimétricas tendem a ser maiores.

3.2 – Algoritmos Assimétricos Comuns

Assim como, para criar chaves simétricas precisamos utilizar um tipo específico de algoritmo, o mesmo vale para as chaves assimétricas. Os algoritmos mais populares para isso são:

  • DSA (Digital Signature Algorithm): Um algoritmo específico para criação de assinaturas digitais.
  • RSA (Rivest–Shamir–Adleman): Um dos primeiros e mais amplamente utilizados algoritmos de chave pública.
  • ECC (Elliptic Curve Cryptography): Um algoritmo mais moderno que oferece segurança equivalente ao RSA com chaves menores, sendo mais eficiente para dispositivos com recursos limitados.

Conclusão

A criptografia é uma das principais ferramentas para garantir a segurança da informação. Seja no modelo simétrico ou assimétrico, ela permite proteger dados contra acessos não autorizados e assegurar a confidencialidade e autenticidade das comunicações.

Ao entender como funcionam esses dois modelos — e onde cada um se aplica melhor —, conseguimos valorizar as tecnologias por trás da segurança digital que usamos diariamente, muitas vezes sem nem perceber.

Espero que este artigo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações, fique à vontade para entrar em contato.