A comunicação entre sistemas distribuídos é um dos pilares da internet moderna. Para facilitar essa interação, surgiram padrões que permitem a troca de informações de maneira simples, padronizada e eficiente. Entre eles, o REST (Representational State Transfer) se destaca como o modelo arquitetural mais adotado no desenvolvimento de APIs, sendo a base de milhares de aplicações web e mobile que utilizamos diariamente.
Neste artigo, vamos explorar o que é uma API REST, sua origem, princípios fundamentais, funcionamento prático, vantagens, limitações e os cenários em que seu uso é mais indicado. Vamos começar?
1 – O que é uma API REST?
API REST é um estilo de arquitetura que define como sistemas diferentes podem se comunicar pela internet de forma simples e eficiente. A sigla API significa Application Programming Interface (Interface de Programação de Aplicações), enquanto REST vem de Representational State Transfer.
Na prática, uma API REST fornece um conjunto de regras que permite que aplicações troquem dados utilizando o protocolo HTTP, o mesmo usado na comunicação web.
Uma API REST é, fundamentalmente, um “intermediário” que processa solicitações de um cliente (como a de um aplicativo de celular ou um navegador) e devolve respostas de um servidor. Por exemplo, quando você acessa uma página de e-commerce e vê a lista de produtos, é provável que o seu navegador ou app tenha feito uma requisição a uma API REST para buscar esses dados de um servidor remoto.
1.1 – Como o REST surgiu
O conceito de REST foi apresentado em 2000 por Roy Fielding, em sua tese de doutorado, “Architectural Styles and the Design of Network-based Software Architectures”. Fielding participou ativamente do desenvolvimento do protocolo HTTP, e sua tese surgiu como uma forma de documentar os princípios por trás da World Wide Web, com o objetivo de propor um estilo de arquitetura que aproveitasse melhor esses padrões, tornando a comunicação entre sistemas mais escalável e eficiente.
Desde então, o modelo REST se consolidou como o padrão de mercado para a maioria das integrações modernas, permitindo integrar sistemas e criar aplicações escaláveis de forma rápida e padronizada, tanto para aplicações web quanto mobile.
Portanto, o REST não é uma tecnologia, mas um estilo arquitetural que descreve como as APIs devem se comportar. Seu objetivo principal era simplificar e padronizar a comunicação entre os sistemas distribuídos na internet.
2 – Os princípios da arquitetura REST
Para ser considerada uma “API RESTful”, ela precisa seguir alguns princípios básicos, que garantem sua eficiência, escalabilidade e facilidade de manutenção.
- Cliente-Servidor: Essa é a arquitetura base das APIs REST. O cliente (quem faz a requisição) e o servidor (quem processa a requisição e retorna a resposta) são entidades separadas e independentes. Essa separação permite que cada um evolua de forma autônoma.
- Sem estado (stateless): cada requisição do cliente para o servidor é independente das demais. Ela deve conter todas as informações necessárias para que o servidor a entenda e a processe, sem depender de informações de requisições anteriores. Isso elimina a necessidade de o servidor armazenar o “estado” da sessão, tornando a API mais escalável.
- Cacheable (Com Cache): as respostas das requisições podem ser armazenadas em cache, tanto no cliente quanto em intermediários, como proxies. Isso melhora o desempenho da API, pois evita que o cliente precise fazer a mesma requisição múltiplas vezes.
- Interface uniforme: a interface de comunicação entre cliente e servidor deve ser uniforme e consistente, facilitando a comunicação. Isso envolve o uso de padrões, como os verbos HTTP (GET, POST, PUT, DELETE) para indicar a ação desejada sobre um recurso.
- Sistema em camadas: a arquitetura REST permite que você organize o sistema em camadas, como servidores, proxies e gateways. Uma requisição pode passar por várias camadas até chegar ao seu destino, sem que o cliente precise saber de todos esses detalhes.
Esses princípios tornam a arquitetura simples de entender e flexível para diferentes cenários.
3 – Como APIs REST funcionam na prática
As APIs REST se baseiam no conceito de recursos e na utilização dos verbos HTTP para manipular esses recursos.
Pense em um recurso como qualquer objeto que pode ser acessado e manipulado, como um usuário, um produto ou um pedido. Cada recurso possui uma URL (Uniform Resource Locator) única que o identifica. Por exemplo:
GET /usuarios
→ retorna a lista de usuários.POST /usuarios
→ cria um novo usuário.PUT /usuarios/1
→ atualiza o usuário de ID 1.DELETE /usuarios/1
→ remove o usuário de ID 1.
Na prática, a comunicação acontece assim:
- O cliente faz uma requisição: ele envia uma requisição HTTP para a URL do recurso desejado, utilizando um dos verbos HTTP para indicar a ação.
- O servidor processa e responde: o servidor interpreta a requisição e retorna uma resposta contendo os dados solicitados e um código de status HTTP que indica se a requisição foi bem-sucedida ou não. As respostas geralmente são enviadas em formato JSON, por ser leve e de fácil leitura.
4 – Vantagens e limitações da arquitetura REST
A adoção do REST traz diversos benefícios para o desenvolvimento de sistemas:
- Simplicidade e Facilidade de Uso: a arquitetura REST é intuitiva e baseada em padrões amplamente conhecidos, como o protocolo HTTP.
- Escalabilidade: como é stateless, a API pode facilmente lidar com um grande volume de requisições, já que não precisa armazenar dados de sessão para cada cliente.
- Flexibilidade: a arquitetura REST é independente de linguagens de programação ou plataformas, permitindo que o cliente e o servidor sejam construídos com tecnologias completamente diferentes.
- Desempenho: a utilização de cache pode significativamente reduzir a latência e a carga do servidor.
Porém, apesar de suas muitas vantagens, as APIs REST possuem algumas limitações:
- Excesso de Requisições: para buscar informações de múltiplos recursos, pode ser necessário que o cliente faça várias requisições, o que pode aumentar a latência da aplicação.
- Sobrecarga de Dados: em muitos casos, uma requisição pode retornar mais dados do que o cliente realmente precisa, o que aumenta o tráfego de rede e o tempo de processamento. Nos casos que, o sistema necessita de comunicação em tempo real ou poussi operações muito específicas, bem como procura-se evitar o tráfego de dedos desnecessários, pode ser mais interessante adotar alternativas como o GraphQL.
- Sem Suporte a Push Notifications: o REST é baseado no modelo de requisição/resposta, portanto, o servidor não pode enviar informações para o cliente de forma proativa.
5 – Quando usar essa arquitetura?
APIs REST são uma excelente escolha para a maioria dos serviços aplicativos do nosso cotidiano. Sua simplicidade e flexibilidade as tornam ideais para:
- Páginas web e aplicativos móveis: a comunicação de uma aplicação com o backend através de um aplicativo de celular, tablet, notebook ou computador é a forma de uso mais comum das APIs REST.
- Sistemas de integração: quando é preciso conectar diferentes sistemas, como um CRM e um sistema de e-commerce.
- Desenvolvimento de Single Page Applications (SPAs): como React, Angular ou Vue.js, que dependem de uma API para buscar dados e renderizar a interface no lado do cliente.
- Projetos de código aberto: a vasta documentação e a comunidade ativa tornam o REST a primeira escolha para o desenvolvimento de APIs públicas.
Em resumo, a arquitetura REST é um padrão robusto e testado que continua sendo a espinha dorsal de grande parte da comunicação na internet. Ela oferece uma maneira simples e eficiente de construir sistemas distribuídos, permitindo que a web continue evoluindo e se expandindo.
Conclusão
A arquitetura REST consolidou-se como a espinha dorsal da comunicação nas aplicações modernas, oferecendo simplicidade, escalabilidade e flexibilidade. Embora apresente algumas limitações — como excesso de requisições ou falta de suporte nativo a notificações em tempo real —, continua sendo a escolha mais prática para a maioria das integrações e aplicações web e mobile.
Em suma, compreender os princípios e o funcionamento do REST é essencial para qualquer desenvolvedor ou profissional de tecnologia que deseje criar sistemas distribuídos robustos e preparados para o crescimento da internet.
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