O que é versionamento semântico? 

No desenvolvimento de software, manter um controle eficiente das versões é essencial para garantir a estabilidade do sistema e facilitar a manutenção e evolução do código. O versionamento semântico surge como um método padronizado para nomear e organizar versões de software de maneira clara e previsível.

Baseado em um sistema de numeração simples, dividido em três componentes, o versionamento semântico permite identificar facilmente o impacto das mudanças realizadas, ajudando equipes de desenvolvimento a gerenciar atualizações e a evitar problemas de compatibilidade.

Neste artigo, exploraremos o que é o versionamento semântico, como ele funciona, sua importância e sua relação com ferramentas como o Git. 

1 – O que é o versionamento semântico 

O desenvolvimento de software é um processo contínuo que ocorre em diferentes etapas e precisa ser devidamente controlado e organizado. O versionamento semântico (também chamado de SemVer, do inglês Semantic Versioning) é um sistema de numeração utilizado para identificar versões de software de maneira clara, organizada e previsível.  

O versionamento semântico surgiu para corrigir um problema conhecido como “dependency hell” (inferno das dependências). Esse problema ocorre quando diferentes bibliotecas ou pacotes de software dependem de versões específicas de outras bibliotecas ou pacotes, criando conflitos e grandes dificuldades na gestão dessas dependências.  

Isso pode levar, por exemplo, a situações em que a atualização de uma biblioteca quebra a compatibilidade com outras, que quando atualizadas podem gerar novas incompatibilidades. Este cenário exige grandes esforços de desenvolvimento para corrigir os problemas de compatibilidade entre as dependências. O resultado é um processo de desenvolvimento e manutenção do software extremamente complicado e custoso, impactando na qualidade das entregas e muitas vezes estourando cronogramas.  

O versionamento semântico ajuda a mitigar esse problema ao fornecer uma metodologia clara e previsível de identificar mudanças nas versões de um software, facilitando a compatibilidade e a integração entre diferentes componentes. Vamos entender como ele funciona: 

2 – Como funciona o versionamento semântico 

O versionamento semântico segue um formato numérico padrão, que possui a seguinte estrutura: 

Exemplo de padrão numérico de versionamento semântico.
Fonte: o autor

Esse padrão numérico é incrementado conforme atualizações são aplicadas no software e cada componente possui uma função específica: 

MAJOR (versão principal): 

Incrementado quando as mudanças implementadas geram incompatibilidades com a versão anterior. 

Exemplos: adição ou remoção de funcionalidades, refatoração do código, redesign de interfaces gráficas. 

MINOR (versão secundária): 

Incrementado quando novas funcionalidades são adicionadas, porém é mantida a compatibilidade com versões anteriores. 

Exemplo: adição ou remoção de uma nova funcionalidade. 

PATCH (correção): 

Incrementado quando há correções de bugs que não geram incompatibilidade do software com a versão anterior. 

Exemplo: correção de problemas de lógica e de processos executados pelo software. 

O versionamento é um processo contínuo que acompanha todo o ciclo de vida de um software. Pense na dinâmica de um projeto de desenvolvimento: após o lançamento da primeira versão de um determinado sistema ou aplicativo, atualizações ocorrerão com o passar do tempo: algumas versões trazem correções de bugs, outras trazem novas funcionalidades (ou remoção de funcionalidade depreciadas), enquanto outras trazem refatorações e redesign completos do software. 

É neste cenário que o versionamento semântico entra em cena, servindo como uma metodologia eficaz para controlar atualizações de software. Repare que cada atualização concluída pela equipe de desenvolvimento irá gerar um incremento numérico em sua versão (chamado de increment version) conforme o tipo desta atualização. 

Aplicar o versionamento semântico garante transparência no controle de versões de um software e facilita a comunicação entre os membros de uma equipe, sendo indispensável para alcançar o sucesso em projetos que trabalhamos no nosso dia a dia. 

3 – Exemplo de versionamento semântico 

Certamente, já deu para entender que o versionamento semântico é muito importante para o desenvolvimento de software. Para um melhor entendimento dessa técnica, vamos ver um exemplo simples e didático: 

0.1.0: Primeira versão experimental. (Representa o início do desenvolvimento do sistema)

0.2.0: Adição de uma funcionalidade. 

0.2.1: Correção de um bug. 

1.0.0: Primeira versão estável. (Representa que o software está pronto para uso e com funcionalidades bem definidas.)

1.1.0: Adição de nova funcionalidade.

1.1.1: Correção de bug. 

1.2.0: Remoção de funcionalidade depreciada. 

1.2.1: Correção de bug. 

2.0.0: Reformulação da API. (quebra a compatibilidade com versões anteriores e exige adaptações significativas por parte dos usuários.) 

O exemplo acima, apesar de simples nos ajuda a compreender como funciona o versionamento semântico. Observe como cada incremento na versão já indica o tipo de alteração e o texto que acompanha a numeração esclarece o impacto das mudanças implementadas. 

Esta prática facilita o trabalho das equipes de desenvolvimento, a gestão das atualizações de software pelos líderes e a aplicação destas atualizações nas máquinas dos usuários pelas equipes de suporte. 

4 – Relação entre Versionamento Semântico e Git 

O Git é um sistema de controle de versão distribuído amplamente utilizado no desenvolvimento de software. Ele permite que os desenvolvedores rastreiem mudanças no código-fonte, colaborem em projetos e revertam para versões anteriores quando necessário. O versionamento semântico e o Git são ferramentas complementares: 

  1. Controle de Versão: O Git possui a responsabilidade de rastrear todas as mudanças realizadas no código, enquanto o versionamento semântico fornece uma maneira estruturada de nomear cada versão gerada, indicando a natureza das mudanças (novas funcionalidades, correções de bugs, mudanças incompatíveis). 
  1. Tags e Releases: No Git, é possível criar tags para marcar pontos específicos na história do repositório, como lançamentos de novas versões. Utilizando versionamento semântico, essas tags podem ser nomeadas de forma consistente (por exemplo, v1.0.0, v1.1.0, v2.0.0), facilitando a identificação e o gerenciamento das versões. 
  1. Branches: O Git permite a criação de branches para o desenvolvimento paralelo. O versionamento semântico ajuda a manter a clareza sobre o estado de cada branch e as versões geradas nelas, especialmente quando se trata de branches de desenvolvimento de novas funcionalidades (branches feature) ou correções de bugs (branches hotfix). 

Ao combinar o Git e o versionamento semântico, conseguimos documentar as mudanças realizadas em um projeto, bem como obtemos um histórico claro e organizado dessas mudanças.  

Essas ferramentas trabalham juntas para proporcionar um fluxo de desenvolvimento mais transparente e eficiente, beneficiando tanto os desenvolvedores quanto os usuários finais, que passam a receber sistemas e aplicativos mais estáveis e bem documentados.

Se você ficou interessado em conhecer mais sobre Git, clique aqui para ler um artigo que escrevi sobre o assunto. 

Conclusão 

O versionamento semântico é uma prática indispensável para o desenvolvimento de software, proporcionando organização, eficiência, previsibilidade e transparência na gestão de versões. Ao adotar esse modelo, equipes de TI conseguem minimizar problemas de compatibilidade, facilitar a colaboração e garantir que usuários e clientes tenham acesso a versões estáveis e bem documentadas do software.  

Além disso, sua integração com ferramentas como o Git torna o controle de versões ainda mais eficiente. Compreender e aplicar o versionamento semântico é um passo fundamental para quem deseja desenvolver projetos de software de forma estruturada e profissional. 

Espero que este conteúdo seja útil de alguma forma para você. Em caso de dúvidas, sugestões ou reclamações fique à vontade para entrar em contato.        

Referências

https://blog.somostera.com/data-science/versionamento
https://semver.org/lang/pt-BR
https://zup.com.br/blog/versionamento-semantico

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